Ao recomeçar – ainda que
temporariamente (a princípio) - na GOSWIM ATIVIDADES ESPORTIVAS, dos grandes
competentíssimos educadores físicos Fábio Sampaio e Marcelo Torres - retomei o
contato com crianças, pré-adolescentes e adultos nas aulas de natação. Em uma
destas turmas, uma menina me chamou à atenção: Mariana. Foi algo como “amor à
primeira vista”. Melhor dizendo: “carinho à primeira vista”. Afinal, desde o
primeiro contato, ela demostrou uma empatia fora do comum com minha pessoa.
Mariana é uma menina especial.
Sim, tem um coração que transcende o mundo, uma força de vontade como poucos, e
também é portadora de Síndrome de Moebius. De acordo com Fontenelle, Araújo e
Fontana (2001), caracteriza-se por paralisia congênita e não progressiva do VII
e do VI nervos cranianos (NC), quase sempre bilateral, o que produz uma
aparência facial pouco expressiva e estrabismo convergente. Além de atrofia
muscular e da língua, ptose palpebral, estrabismo divergente, surdez,
distúrbios da sensibilidade nos territórios inervados pelo trigêmeo, disfagia,
disfonia e deficiência mental.
Embora acometida, jamais se sente
excluída. Pelo contrário. Mariana está sempre disposta a nadar – faça chuva ou
sol; Esteja quente ou frio, e participa das aulas assiduamente, inclusive
sugerindo qual colega fará primeiramente determinada atividade; Quando não se
prontifica a inaugurar os trabalhos. E sua avó, quem a traz para as aulas, uma
guerreira de alma nobre.
Como educador e professor, minha
obrigação é incluí-la e inseri-la no nosso mundo, que é o dela também. Não pertencemos
a planetas diferentes. Somos todos iguais e pertencentes ao mesmo espaço do
criador. Entretanto, infelizmente, há indivíduos – se é que podemos considerar
gente - que preferem achar que não.
Que bom seria se o universo que
nos cerca fosse formado por outras Marianas; Que nos ensina e nos faz enxergar
outros sentidos ocultos da vida.
Referência
FONTENELLE, Lucia; ARAUJO, Alexandra Prufer de Q.c.; FONTANA, Rosiane S.. Síndrome de Moebius: relato de caso. Arquivos de Neuro-psiquiatria, [s.l.], v. 59, n. 3, p.812-814, set. 2001. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0004-282x2001000500031.