terça-feira, 19 de setembro de 2017

O lado ruim do esporte

Adriano em um dos treinos no Praia Clube. Infelizmente
vítima de infarto fulminante (FOTO: Felipe Maia/arquivo)
A vida é um sopro. Pra morrer, basta estar vivo. Sim, são frases fortes que, provavelmente, se você ainda não ouviu - ou não leu -, em algum momento será apresentado a elas. O assunto é chato, mas tem que ser posto à tona. No último domingo, em uma prova de natação de águas abertas, em Uberlândia-MG, um atleta de 48 anos faleceu faltando um quilômetro (1Km) para o fim do percurso - a distância total era 4Km (clique aqui e leia a matéria na íntegra). Adriano Bonilha Mesquita era nadador do Praia Clube, um dos mais tradicionais do Estado de Minas Gerais com uma equipe fortíssima, diga-se de passagem, de Natação Máster. Inclusive, conheço muitos atletas de lá, de altíssimo nível - tanto técnico, quanto pessoal.

A questão aqui é: até que ponto o esporte é salutar? Por essência, qualquer modalidade é saudável sim! Todavia, a partir do momento que o praticante passa a testar seus limites, ele é introduzido em uma zona tênue que pode colocá-lo entre a vida e a morte; Entre o lado bom e o lado ruim do esporte. Então, este passa obrigatoriamente a ter cuidado redobrado com a saúde; Acompanhar diariamente o comportamento de todos os sistemas de seu corpo (seja durante cada treinamento, seja após) e ampliar a periodicidade de seus exames clínicos - quaisquer. Principalmente quando se passa dos 30 anos; Muito mais conforme a idade avança.

Se você leitor ainda tem dúvida a respeito do parágrafo anterior, te convido a ler o artigo de um amigo recente que fiz, que ficará pra toda a vida, e que, inclusive, é meu mestre, Thiago Guimarães. O título da obra é "Paradoxo do exercício físico em excesso: linha tênue entre riscos e benefícios". Inclusive, com sua autorização, o mesmo foi publicado, na íntegra, no espaço virtual da AMNRJ (Associação Master de Natação do Rio de Janeiro).

Não posso afirmar, com propriedade, se Adriano Bonilha Mesquita tinha acompanhamento médico, se cuidava estritamente, conforme citado acima. Afinal, há "a vida dentro da equipe, quando se está treinando com demais companheiros, sob a supervisão e orientação de profissionais que, aconteça alguma eventualidade, estará ali para prestar toda a assistência prévia"; E há "a vida lá fora. Ou seja, a pessoal, das quais cada qual sabe a melhor maneira de vivê-la fora do ambiente esportivo". Mas, contudo, me arrisco a citar que o atleta se cuidava sim, e se foi por conta destas fatalidades; Destas peças que o destino nos prega.

Lamento profundamente o ocorrido, e que Deus conforte, da melhor maneira, a família e a todos os demais que fazem - ou fizeram- parte do ciclo de amizade de Adriano Bonilha Mesquita. Muito provável que tenha partido fazendo o que gosta, como Maria Lenk - que se foi após sair de mais um treino, na piscina do Clube de Regatas do Flamengo, onde diariamente dava as suas braçadas (relembre).

Um comentário:

  1. Perfeito filho. Muito bem escrito. Provas de Natação...maratonas aquáticas...como qualquer esporte requerem bom treinamento e controle. Provavelmente o rapaz era cardíaco e quis ultrapassar seu limite, por isso o acompanhamento médico/ testes de esforço precisam ser observados. O nosso Flávio (rio swim e Fla master) teve um enfarto na piscina do Fla e depois disso fez uma angioplastia com colocação de stent pois geneticamente suas artérias estavam obstruídas. Resumindo...com a saúde não se brinca e quem pratica esporte de rendimento precisa saber e conhecer seus limites.

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