A Disfunção das Cordas Vocais (DCV) é uma condição pela qual
os indivíduos têm dificuldade em
respirar devido a um problema na garganta ou laringe. Quando um indivíduo
acometido tenta respirar, as duas bandas cartilaginosas presentes na laringe,
denominadas cordas vocais, se fecham e impedem o ar de entrar na traqueia. É
mais prevalente em mulheres do que em homens, independente da idade; Em
crianças, é mais frequente em atletas de competição (GUARDEM ESTA FRASE!).
As cordas vocais na imagem devem estar abertas para
respirar. No entanto, em indivíduos com DCV, elas se paralisam
intermitentemente e bloqueiam o fluxo de ar para os pulmões. Esse bloqueio pode
ocorrer durante a inalação ou expiração, mas geralmente ocorre durante a
inalação. Geralmente, esses espasmos aparecem de repente e se resolvem
rapidamente - geralmente em menos de dois minutos.
Um reflexo da laringe hiperativo pode ser o culpado. Este
reflexo é usado para proteger a via aérea, fechando as cordas vocais para
bloquear a passagem para a via aérea do outro lado. Mas por que esse reflexo
ocorre quando não deveria? Não se sabe ao certo. A única coisa que é clara, no
entanto, é que existem muitos fatores que podem contribuir para a DCV e que
variam de pessoa para pessoa. Exemplos: agentes irritantes no ar, odores
fortes, ambiente de piscina, alto nível de poeira, refluxo ácido, infecções
respiratórias, esforço físico, estressores emocionais (condições psicológicas,
incluindo ansiedade e depressão).
A história
Doutora em Fisioterapeuta na Universidade de Santa Clara
(Califórnia/EUA), a Drª Erin Cameron dedicou 15 anos de sua vida à natação
(entre treinamentos e competições) e também sofreu de DCV. Nos tempos de atleta,
observou muitos de seu colegas desistirem do esporte por conta de problemas
respiratórios. Todavia, segundo a mesma, compartilhar sua história e
conhecimento é importante para que os nadadores que têm DCV entendam - e saibam
- que não estão sozinhos; E que há estratégias para continuar a treinar,
competir e aproveitar tudo o que o esporte oferece.
Fora a experiência pessoal, a perspectiva médica de como
reconhecer sinais de DCV e dar-lhe o vocabulário adequado para descrever seus
sintomas também é providencial. Estas informações podem ajudar aos nadadores a
identificar DCV não diagnosticado e, consequentemente, procurar ajuda médica
apropriada o quanto antes.
"Sempre foi meu objetivo nadar para a Universidade de
Michigan. Quando pisei no Canham Natatorium, em novembro, senti como se
estivesse vivendo um sonho. Eu tinha treinadores incríveis e colegas de equipe
que nadavam tão rápido quanto jamais tinha visto.
Antes do meu segundo ano de faculdade, nunca experimentei
dificuldades respiratórias. Meus sintomas surgiram de repente, sem aviso
prévio. Minha garganta se apertaria, senti que não conseguia encher meus
pulmões de ar e, toda vez que tentava respirar, produzia um som agudo e
aterrador. Num primeiro momento só ocorreu uma vez - talvez duas vezes por
semana -, durante as séries mais fortes. No entanto, com o passar do tempo, se
tornou mais frequente, ocorrendo durante quase todas as sessões de treinos.
No ano seguinte já estava com inúmeras consultas médicas
tentando deduzir o que estava causando meus sintomas. Vários tratamentos,
incluindo um inalador de Albuterol (Salbutamol) e uma dose elevada de Corticosteroide,
Advair (Propinato de Fluticasona e Salmeterol), foram usados para ajudar a
diminuir o que parecia ser Asma induzida por exercício; Mas nada ajudou.
Meus treinos e competições sofreram. Minha saúde mental
sofreu. Embora tentando ser otimista, não pude deixar de pensar por que isso
está acontecendo? Por que nada ajudou? Por quê, seja o que for, está tentando sugar a alegria do esporte que
tanto amo?
Não só meus sintomas eram assustadores para mim, mas minha
condição logo se tornou uma área de preocupação para meus treinadores e colegas
de equipe. Ninguém estava seguro de como avançar. Em uma ocasião, foi mencionada a possibilidade de me tornar
assistente voluntária do time para a temporada seguinte: Eu estava esmagada;
Arrasada.
Eu estava em meu primeiro ano de Junior, com aspirações de
me tornar capitã da equipe no ano seguinte e viver a emoção de competir no meu
último ano, no esporte que eu amo tanto. De repente, havia algo a mais.
Procurei orientação adicional do meu treinador. Ele me encaminhou para um
pneumologista que teve experiência em trabalhar com os nadadores de elite.
Com a ajuda de minha mãe e uma enfermeira, finalmente
determinamos a palavra adequada para descrever aquele som agudo que estava
fazendo quando tentava respirar: stridor (estridor). Esta era a informação que o
pneumologista precisava para mudar de direção, para não acreditar que o
diagnóstico era apenas a Asma induzida pelo exercício. Quando realizei um teste
de esforço na esteira, com um escopo colocado na minha passagem nasal, pude ver
através do monitor de vídeo a resposta para o porquê de não conseguir
respirar. Minhas cordas vocais estavam fechadas quando tentava
respirar; Aquelas pequenas abas teimosas estavam fazendo exatamente o oposto do
que deveriam estar fazendo.
Fiquei emocionada por ter um diagnóstico, mas frustrada por
saber que não havia cura. Havia, no entanto, estratégias que poderia usar para
diminuir o impacto desses sintomas na minha performance. Estas eu recolhi
através de um patologista da linguagem do discurso e um conselheiro atlético da
minha universidade. Essas pessoas, bem como minha própria teimosia para
continuar treinando e competindo, me permitiram completar minha carreira
colegial. Meu último ano de natação nesta época foi, de longe, o mais
desafiador, mas ainda sim cumpri minha carreira.
"Amaldiçoei" minhas cordas vocais muitas vezes ao
longo da minha carreira como atleta: especialmente durante os últimos 100m dos
400m Medley. Na verdade, às vezes ainda faço até hoje. Mas encontrei maneiras
de diminuir meus sintomas e continuar a nadar, além de realizar, regularmente -
e até hoje - outros esportes de resistência.
Desde o momento em que fui diagnosticada, pesquisei amplamente a condição de esforço para entender melhor as causas e tratamentos para DCV. Minha esperança é que, ao compartilhar essas informações, os indivíduos acometidos por DCV tenham melhor compreensão de como descrever seus sintomas e quando procurar ajuda médica".
Referência
CAMERON, Erin. WHY CAN’T I BREATHE? VOCAL CORD DYSFUNCTION IN SWIMMERS. 2018. Disponível em: https://swimswam.com/why-cant-i-breathe-vocal-cord-dysfunction-in-swimmers/
MYMEDFARMA. Disfunção das cordas vocais. 2018. Disponível em: https://www.mymedfarma.com/pt/guia-da-saude/12-otorrinolaringologia-estomatologia/2718-disfuncao-das-cordas-vocais
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