quarta-feira, 7 de março de 2018

Disfunção das cordas vocais em nadadores

A Disfunção das Cordas Vocais (DCV) é uma condição pela qual os indivíduos  têm dificuldade em respirar devido a um problema na garganta ou laringe. Quando um indivíduo acometido tenta respirar, as duas bandas cartilaginosas presentes na laringe, denominadas cordas vocais, se fecham e impedem o ar de entrar na traqueia. É mais prevalente em mulheres do que em homens, independente da idade; Em crianças, é mais frequente em atletas de competição (GUARDEM ESTA FRASE!).

As cordas vocais na imagem devem estar abertas para respirar. No entanto, em indivíduos com DCV, elas se paralisam intermitentemente e bloqueiam o fluxo de ar para os pulmões. Esse bloqueio pode ocorrer durante a inalação ou expiração, mas geralmente ocorre durante a inalação. Geralmente, esses espasmos aparecem de repente e se resolvem rapidamente - geralmente em menos de dois minutos.

Um reflexo da laringe hiperativo pode ser o culpado. Este reflexo é usado para proteger a via aérea, fechando as cordas vocais para bloquear a passagem para a via aérea do outro lado. Mas por que esse reflexo ocorre quando não deveria? Não se sabe ao certo. A única coisa que é clara, no entanto, é que existem muitos fatores que podem contribuir para a DCV e que variam de pessoa para pessoa. Exemplos: agentes irritantes no ar, odores fortes, ambiente de piscina, alto nível de poeira, refluxo ácido, infecções respiratórias, esforço físico, estressores emocionais (condições psicológicas, incluindo ansiedade e depressão).

A história

Doutora em Fisioterapeuta na Universidade de Santa Clara (Califórnia/EUA), a Drª Erin Cameron dedicou 15 anos de sua vida à natação (entre treinamentos e competições) e também sofreu de DCV. Nos tempos de atleta, observou muitos de seu colegas desistirem do esporte por conta de problemas respiratórios. Todavia, segundo a mesma, compartilhar sua história e conhecimento é importante para que os nadadores que têm DCV entendam - e saibam - que não estão sozinhos; E que há estratégias para continuar a treinar, competir e aproveitar tudo o que o esporte oferece.

Fora a experiência pessoal, a perspectiva médica de como reconhecer sinais de DCV e dar-lhe o vocabulário adequado para descrever seus sintomas também é providencial. Estas informações podem ajudar aos nadadores a identificar DCV não diagnosticado e, consequentemente, procurar ajuda médica apropriada o quanto antes.

"Sempre foi meu objetivo nadar para a Universidade de Michigan. Quando pisei no Canham Natatorium, em novembro, senti como se estivesse vivendo um sonho. Eu tinha treinadores incríveis e colegas de equipe que nadavam tão rápido quanto jamais tinha visto.

Antes do meu segundo ano de faculdade, nunca experimentei dificuldades respiratórias. Meus sintomas surgiram de repente, sem aviso prévio. Minha garganta se apertaria, senti que não conseguia encher meus pulmões de ar e, toda vez que tentava respirar, produzia um som agudo e aterrador. Num primeiro momento só ocorreu uma vez - talvez duas vezes por semana -, durante as séries mais fortes. No entanto, com o passar do tempo, se tornou mais frequente, ocorrendo durante quase todas as sessões de treinos.

No ano seguinte já estava com inúmeras consultas médicas tentando deduzir o que estava causando meus sintomas. Vários tratamentos, incluindo um inalador de Albuterol (Salbutamol) e uma dose elevada de Corticosteroide, Advair (Propinato de Fluticasona e Salmeterol), foram usados ​​para ajudar a diminuir o que parecia ser Asma induzida por exercício; Mas nada ajudou.

Meus treinos e competições sofreram. Minha saúde mental sofreu. Embora tentando ser otimista, não pude deixar de pensar por que isso está acontecendo? Por que nada ajudou? Por quê, seja o que for,  está tentando sugar a alegria do esporte que tanto amo?

Não só meus sintomas eram assustadores para mim, mas minha condição logo se tornou uma área de preocupação para meus treinadores e colegas de equipe. Ninguém estava seguro de como avançar. Em uma ocasião,  foi mencionada a possibilidade de me tornar assistente voluntária do time para a temporada seguinte: Eu estava esmagada; Arrasada.

Eu estava em meu primeiro ano de Junior, com aspirações de me tornar capitã da equipe no ano seguinte e viver a emoção de competir no meu último ano, no esporte que eu amo tanto. De repente, havia algo a mais. Procurei orientação adicional do meu treinador. Ele me encaminhou para um pneumologista que teve experiência em trabalhar com os nadadores de elite.

Com a ajuda de minha mãe e uma enfermeira, finalmente determinamos a palavra adequada para descrever aquele som agudo que estava fazendo quando tentava respirar: stridor (estridor). Esta era a informação que o pneumologista precisava para mudar de direção, para não acreditar que o diagnóstico era apenas a Asma induzida pelo exercício. Quando realizei um teste de esforço na esteira, com um escopo colocado na minha passagem nasal, pude ver através do monitor de vídeo a resposta para o porquê de não conseguir respirar. Minhas cordas vocais estavam fechadas quando tentava respirar; Aquelas pequenas abas teimosas estavam fazendo exatamente o oposto do que deveriam estar fazendo.

Fiquei emocionada por ter um diagnóstico, mas frustrada por saber que não havia cura. Havia, no entanto, estratégias que poderia usar para diminuir o impacto desses sintomas na minha performance. Estas eu recolhi através de um patologista da linguagem do discurso e um conselheiro atlético da minha universidade. Essas pessoas, bem como minha própria teimosia para continuar treinando e competindo, me permitiram completar minha carreira colegial. Meu último ano de natação nesta época foi, de longe, o mais desafiador, mas ainda sim cumpri minha carreira.

"Amaldiçoei" minhas cordas vocais muitas vezes ao longo da minha carreira como atleta: especialmente durante os últimos 100m dos 400m Medley. Na verdade, às vezes ainda faço até hoje. Mas encontrei maneiras de diminuir meus sintomas e continuar a nadar, além de realizar, regularmente - e até hoje - outros esportes de resistência.

Desde o momento em que fui diagnosticada, pesquisei amplamente a condição de esforço para entender melhor as causas e tratamentos para DCV. Minha esperança é que, ao compartilhar essas informações, os indivíduos acometidos por DCV tenham melhor compreensão de como descrever seus sintomas e quando procurar ajuda médica".

Referência

CAMERON, Erin. WHY CAN’T I BREATHE? VOCAL CORD DYSFUNCTION IN SWIMMERS. 2018. Disponível em: https://swimswam.com/why-cant-i-breathe-vocal-cord-dysfunction-in-swimmers/

MYMEDFARMA. Disfunção das cordas vocais. 2018. Disponível em: https://www.mymedfarma.com/pt/guia-da-saude/12-otorrinolaringologia-estomatologia/2718-disfuncao-das-cordas-vocais

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