segunda-feira, 10 de julho de 2017

CK (creatinoquinase) x Ácido Lático

Outro dia destes, assistindo ao jogo do meu time do coração, o Fluminense - se não me engano, a vitória sobre o Avaí, em Florianópolis - o repórter (do qual não citarei o nome), ao ser perguntado o motivo pelo qual o jogador tal não fora escalado pelo técnico Abel Braga (do Tricolor das Laranjeiras), respondeu que devido ao alto índice de CK, de acúmulo de Ácido Lático (Ahn?! Como?! O que?!...) o atleta fora poupado porque corria o risco de lesão. Então vamos aos esclarecimentos:

1) Uma coisa é uma coisa; Outra coisa é outra coisa.

Crédito: ZeroHora
A creatinoquinase​ (CK) é uma enzima que desempenha importante papel na geração de energia para o metabolismo muscular. Está presente, predominantemente no tecido muscular, mas é também encontrada no tecido cerebral. O exercício físico prolongado eleva os níveis de CK​. Essa elevação é variável entre os indivíduos e depende do sexo, da raça e do tipo de treinamento físico. O nível de elevação também depende da duração e da intensidade do exercício, além do condicionamento físico, sendo que a duração da atividade física é um importante fator a ser considerado (SUMITA​​​​​​, 2010).

De acordo com Sumita​​​​​​ (2010), a liberação do CK e a sua remoção do plasma dependem do nível de treinamento, tipo, intensidade e duração. Níveis duas vezes acima do nível basal podem ser observados 8 horas após a prática de um exercício vigoroso.  Elevação de CK após exercício excêntrico está associada a lesão muscular, com elevação acentuada entre o 2º e 7º dia  após o exercício. Em geral, elevações maiores são detectadas mais precocemente e por mais tempo. Os valores de CK geralmente iniciam a aumentar em poucas horas após o exercício, atingindo um pico entre 1 a 4 dias e começam a diminuir entre 3 a 8 dias.

Crédito: Diogo Peixoto
O Ácido Lático, por sua vez, afirma Cardoso (2017), é produzido em quantidades expressivas durante a realização de atividades físicas. A oxidação do ácido lático gera energia (ATP). Células cardíacas e fibras musculares, por exemplo, utilizam esse ácido como fonte preferencial de energia (os músculos do coração não são capazes de desenvolver tal função). Quando há excesso de exercício, é comum haver um alto acúmulo de ácido lático, uma vez que ele é formado num ritmo muito mais rápido do que é eliminado do corpo, o que, por vezes, ocasiona muito cansaço e dores musculares.

A excreção desse composto é dada pela urina e pelo suor, enquanto outra parte é metabolizada no fígado onde permanece armazenado em forma de glicogênio hepático. Metade de todo o ácido lático acumulado durante a atividade física carece de 25 minutos de repouso para ser eliminado.

Portanto, embora ambos sejam indicadores bioquímicos da função muscular, ambos têm funções parecidas, mas são completamente diferentes.

2) Informação correta é primordial

Ninguém é dono da verdade, tampouco sabe de tudo. E não é vergonha perguntar, tampouco dizer que não sabe. Vergonha é, sim, achar que sabe, encher a boca e falar besteira; Dar informação errada, equivocada.

O repórter - a meu ver muito bom, diga-se de passagem (opinião pessoal de que também é jornalista - registrado e diplomado) poderia ter sido melhor esclarecido pelo/ou pelos fisiologistas do Fluminense. Acredito que tenha sido sim, porém, no momento de informar, se confundiu, embaralhou enzima com ácido, e a química não deu certo. Segue o jogo.

Referências 

CARDOSO, Mayara. Ácido lático. Disponível em: http://www.infoescola.com/quimica/acido-latico/. Acesso em: 10 jul. 2017.

SUMITA​​​​​​, Nairo M.. Como interpretar as elevações de creatinoquinase (CK) associadas à prática de exercício físico. 2010. Disponível em: http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/artigos/Pages/como-interpretar-as-elevacoes-de-creatinoquinase-associadas-a-pratica-de-exercicio-fisico.aspx?viewType=Print&viewClass=Print. Acesso em: 10 jul. 2017.

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